SINOPSE
Um escritor contemporâneo de 41 anos, comovido por brutalidades no presente e no passado, começa a escrever um novo romance em São Paulo, capital. Navegando o estranho espaço que pode existir entre os gêneros autoficção e realismo mágico, tenta redimir sua ancestralidade e sua história pessoal. Quando jovem, havia tentado ser santo, mas desvios radicais de trajetória o levaram a encarar sua mediocridade e os perigos que ameaçam quem ousa atravessar a fronteira da loucura. Agora, duas décadas depois, os vestígios que sobram em sua mão são as melhores pistas para decifrar um sentido profundo no pedaço da atmosfera que lhe coube respirar. Entre os vestígios da loucura de um transtorno bipolar ou da transcendência de uma emergência espiritual, dois divórcios, dois romances publicados, uma filha adolescente, um acidente grave e, talvez, um novo amor, o escritor-personagem começa a decodificar memórias gravadas em um específico e estável átomo de argônio respirado por ele e por outras pessoas em outros cantos e tempos do mundo, enquanto cria as cenas de seu novo romance. Um sentido metafísico surpreendente ou o dolorido vazio da desilusão são o que ele calcula encontrar no fim deste mergulho, enquanto cria as novas rupturas em sua trajetória de vida, farejando algo na escuridão funda do seu arriscado processo criativo – talvez deliberado, talvez inevitável.
Orelha do livro, nas palavras da fenomenal escritora Maria Fernanda Elias Maglio (vencedora dos prêmios Jabuti e Biblioteca Nacional; finalista do prêmio Oceanos):
"Um escritor escrevendo sobre si mesmo. A escrita como tema da própria escrita. Não é propriamente uma novidade na literatura, apesar de, ultimamente, ter ganhado ares de ser.
História Natural do Desvio, romance de Pedro Chaltein Gontijo, poderia ser enquadrado nessa seara de livros que circulam em abundância na cena contemporânea: a autoficção.Poderia. Não pode.
Limitar este livro ao compartimento da denominada autoficção é diminuí-lo. Não porque seja um gênero menor. É que este livro é isso, mas não é só. É evidente que se trata do escritor se ficcionalizando. Aqui, Pedro é o narrador e é o personagem. Estão presentes todos os elementos que compõem a metalinguagem da autoficção. E os acontecimentos narrados, não só são reais, como também estão documentalmente comprovados por fotos e outros arquivos. Então, afinal, o que faz deste livro algo além da autoficção?
Um componente insólito, que normalmente está divorciado das histórias que se prestam a narrar acontecimentos verdadeiros: o realismo mágico.
Pedro é personagem, mas também são personagens o sacerdote Techutli, a menina olmeca Xochi, um jovem morto a facadas, uma tataravó indígena bororó. E todos estão intimamente ligados pelo inusitado Sbrubles: um átomo específico de argônio que provoca uma espécie de consciência coletiva. Uma ínfima partícula que, quando aspirada, faz com que o narrador personagem tenha ciência dos pensamentos e anseios do jovem Abner, da sua tataravó bororó e da menina Xochi, entregue ao sacrifício tantos anos antes de Cristo nascer. Todos os personagens, na medida de suas veracidades e invenções, estão atrelados, como se fossem uma única matéria, uma única existência.
Talvez por isso, por conta desse sentido de totalidade, que este livro consegue a proeza de habitar, ao mesmo tempo, o campo da autoficção e do realismo mágico.
O Pedro personagem se perde e se encontra, vagando pela Europa sem dinheiro e ambições materiais.
O Pedro escritor não se perde.
Sorte a nossa, que temos uma experiência de uma leitura profunda e bonita.A literatura não precisa ter nenhuma função. Mas neste livro, ela parece ter alguma. Talvez este romance tenha a função de, na linguagem do próprio autor: “criar sentido para o vazio que nos transborda”.
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R$ 70,00Preço
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